Caetano Neto, advogado
Caetano Neto, advogado

Todos os 5.570 municípios do Brasil encerraram no último final de semana  a discussão do Plano Municipal de Educação – PME para os próximos 10 anos. É o arcabouço para o Plano Nacional de Educação que tem como objetivo, contribuir para o projeto de Pátria Educadora e reconstruir a educação no país.

Reconstruir é obra para algo que não deu certo, mal concebida e mal conduzida. Sim, a educação no Brasil, senão uma tragédia, é uma calamidade, não de agora, é historicamente sua desconformidade com o que requer o mundo de hoje, deixada sua missão para aqueles que, frutos do modelo arcaico, atrasado e copiado do século 19, somam no analfabetismo pedagógico acrescentando os dados estarrecedores ao ensino básico.

Nem tudo esta perdido. A educação investiu muito nos últimos 20 anos no campo da inclusão escolar, o acesso as crianças, programas de recuperação daqueles que alimentam a pirâmide da estatística da evasão escolar, a instrumentalização do sistema na sua operacionalidade via FNDE – Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação, mas é preciso avançar e muito.

Sem investir na qualificação do sistema educacional, ou seja, qualificar o professorado, que na sua maioria, formados em instituições particulares, sem definição de como ensinar, ficam presos a filosofia educacional, sem metodologia aplicada e sem estágios nas próprias salas de aula, alimentam a tragédia educacional. Presos no enciclopedismo do livro didático, sem avançar em experimentos, e pior, levam os alunos ao aprendizado empírico pela decoreba, memorização. Tudo isto, combinado com a distância que parece instransponível entre professor-aluno, pois a figura do mestre se mistura no autoritarismo e individualismo, e no retrato de hoje, como de sempre, fica na frente do quadro e o aluno confinado a sua carteira afundando no isolamento e no tédio,  passa-se a refutar a escola, senão odiar. Adeus qualidade, adeus ensino transformador.

Hoje temos dois grupos de alunado no ensino básico. A metade deles tem dificuldade  em ler, de interpretar um texto elementar. A outra metade sabendo ler, não sabe decompor o texto e embarcam na repetição narrativa igual ou parecida do próprio texto ou aplicam o devaneio sofrível da interpretação.. É uma tragédia anunciada de que o país vai mal e muito mal na área da educação. Vai sucumbir.

O Congresso Nacional, revestido de políticos populistas, analfabetos funcionais e  sem qualidade de conhecimento, ficam a cotovelar entre si para discutir medidas politiqueiras com o objetivo de estar na capa do próximo jornal, contudo, não enxergam a importâncias deles no debate da educação como Projeto Nacional a ser perseguido para salvar a nação. Deles não há o que esperar.

Dizer que o ajuste fiscal retrai avanços na educação é anúncio dos desavisados. Sem paixão dos que estão no Comando do País, o ajuste fiscal na educação, direciona no FIES e PRONATEC, nada que possa prejudicar o avanço da reconstrução educacional, que, sem precisar de um centavo sequer, podemos remodelar a grade curricular, o sistema de ensino, como melhorar o ensinamento do professorado, como qualificar os que desejam ser diretores, haja vista, na atualidade, sua maioria em nada aprendeu de sistema educacional sob a ótica de  envolver família/escola, cooperação escola/aluno/escola, técnicas de enriquecimento qualificadora analítica dos melhores alunos, enfim, neste projeto de reconstrução há que remodelar normas, sistemas, modelos, leis, sem necessitar do financeiro.

A educação, mesmo com resistência corporativista sindical, de que, salário é de importância vital para melhoria da educação, fico em outro norte, a Carreira da Educação. Como na atividade privada, que faz que o profissional busque a qualificação, almejar conhecimentos,  dedicar para conquistar a carreira abraçada como sua meta de vida pessoal e assim, lograr sua qualidade de vida,  devemos, da mesma forma,  buscar na Carreira da Educação o atrativo profissional, devendo esta ser a primeira fonte na pirâmide dos trabalhadores da educação. Sem carreira, continuaremos a observar, a chegada dos  que buscam apenas  um emprego  com estabilidade e nada mais.

A transformação do ensino tem muito a transpor, a romper obstáculo, a superar resistências  e rebeldias, mas manter o que está é assinar o fim do país, é ficar voltado aos paradigmas empresariais do minério e da soja como riqueza de um país, mas sepulta os gênios que a educação possam produzir e identificar, instrumento necessário para colocar a nação a frente do desenvolvimento mundial. Só a educação pode fazer isto, ninguém mais. Sem isto, sem reorganização educacional, nossos filhos seguem para um abismo em volta, seguem para um destino incerto. Não basta amá-los, não basta estar perto, não basta cuidar, não basta oferecer atributos por herança, é preciso fazer algo por eles que os coloquem na condição de qualificados do futuro. Vai que um dia, seu filho/a  lhe cobre sobre o que fizestes pelo país?

Caetano Neto – advogado

Ex –professor da rede pública e privada

Presidente fundador da Associação de Defesa dos Direitos da Cidadania – ADDC

 

Texto: Caetano Neto

Foto: Divulgação

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