con 1 - CapaO colegiado do Conselho Tutelar (CT), do município de Vilhena, entrou em contato com a equipe de reportagem do Extra de Rondônia no início desta semana, mais notadamente na manhã da terça-feira, 13 de janeiro, para relatar o que eles chamaram de descaso da Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) em relação ao órgão, uma vez que cabe a pasta custear todas as necessidades financeiras do programa de proteção aos menores.

De acordo com os conselheiros, há vários problemas, e o grupo tem que operar, em muitos casos, de modo improvisado, fato que gera constrangimentos tanto aos profissionais, quanto às pessoas que dependem dos serviços oferecidos.

Um dos problemas refere-se aos computadores do local que precisam de assistência técnica, e alguns estão encostados porque já não funcionam mais. “O computador da recepção, por exemplo, está quebrado há dois anos. Já notificamos a SEMAS várias vezes, mas nunca fizeram nada”, relata a conselheira Suzana Martins da Silva.

Algumas impressoras que deveriam estar à disposição do CT servem apenas de acento para poeira, pois não funcionam, e acabam travando o desempenho do trabalho. “A secretaria pediu, recentemente, que enviássemos uma estatística de trabalho. Nós não conseguimos primeiramente porque não dispomos de computadores para executar esse tipo de serviço, e mesmo que tivéssemos não temos um programa específico para desenvolver estatísticas aqui no Conselho”, explicou a conselheira Mariza Erdmann.

A saída encontrada neste caso foi apelar para os próprios equipamentos. As documentações mais urgentes são desenvolvidas nos notebooks das próprias conselheiras, que além de se revezarem no uso das máquinas que ainda estão funcionando, precisam levar equipamentos de casa para o trabalho.

A falta de atendente na recepção também gerou uma série de problemas aos conselheiros, que têm sempre que escolher: ou desempenham suas funções, ou ficam na recepção atendendo as pessoas. “Nosso celular institucional já foi roubado aqui. Tivemos que fazer uma ‘vaquinha’ pra comprar outro aparelho. O meu próprio aparelho celular também já foi roubado aqui”, relembra Mariza Erdmann. Os conselheiros encheram a paciência da equipe da SEMAS de tal modo, que conseguiram finalmente a recepcionista.

Os problemas de estrutura também prejudica o desempenho das conselheiras no município. O único veículo que o órgão de proteção aos menores dispõe foi concedido pelo ex-deputado federal, Natan Donadon. O carro tem que ser dividido entre as cinco equipes. “É normal ficarmos sem carro por aqui. Se uma das conselheiras precisar ir até a linha rural, por exemplo, temos que atender a demanda de trabalho com nossos próprios veículos, ou então contar com a boa vontade da Polícia Militar”, relata a conselheira Patrícia Alves.

O mato alto que “enfeita” a fachada do prédio utilizado pelo conselho chama a atenção de longe, além de dar um ar de “coisa largada”. Questionadas sobre as condições de limpeza do pátio, as conselheiras explicaram à equipe de reportagem do Extra de Rondônia que a responsabilidade de limpeza também é da SEMAS. “Pedimos várias vezes para limpar o mato, e não fomos atendidos. Por fim pedimos apenas a máquina de cortar mato emprestado que nós mesmos iríamos fazer a manutenção, mas não autorizaram o empréstimo”, diz Mariza Erdmann.

Faltam lâmpadas na área externa do prédio, que está instalado em uma rua onde a iluminação pública também é precária. Em suma: fica tudo na escuridão total.

SALÁRIOS ATRASADOS

Assim como um grande número de servidores públicos municipais, as conselheiras tutelares do município de Vilhena estão com seus vencimentos atrasados. Elas ressaltam que pertencem a cargos eletivos, e não são comissionadas, ou seja, estão atuando por escolha da população, e não por indicações políticas.

Extra de Rondônia contatou a SEMAS, por telefone, para saber qual é o valor do repasse que a secretaria faz para o CT. A primeira dama, Lizangela Rover não foi encontrada pra falar sobre o assunto. A servidora Geisa Maria Vivan disse que a pasta não tem um valor específico que repassa ao CT, afirmando que apenas cobre os gastos conforme vão aparecendo.

Ela disse que marcaria uma entrevista com Lizangela Rover para falar sobre o assunto. Esta página eletrônica ficou esperando até o fechamento desta reportagem, mas nem a servidora, muito menos a secretária retornaram as ligações para confirmar, ou não, a entrevista.

FALTA DE ESTRUTURA NO HOSPITAL REGIONAL

Uma das principais reclamações das conselheiras, apesar de tudo, parte do Hospital Regional. Elas acreditam que seria necessária a instalação de uma sala exclusiva onde os menores que necessitam de apoio médico possam ficar, e serem atendidos.

Segundo as conselheiras, atualmente os menores que são encaminhados ao hospital ficam à espera de atendimento na sela de pré-parto. A condição, segundo elas, é humilhante para os menores, uma vez que a maioria levada à unidade de saúde por conta de violência sexual. As conselheiras relatam que é comum outros pacientes se aproximarem dos menores para saber detalhes do que lhes aconteceu. “É uma questão delicada, e até mesmo um trauma para os menores”, relata a conselheira Suzana Martins da Silva.

A SEMAS informou, através de documento, assinado, inclusive pelo secretário de saúde, Vivaldo Carneiro, que a sala de atendimento aos menores existe, e está em pleno funcionamento no hospital. “Queremos saber onde é essa sala, e porque não podemos utilizá-las”, indagaram as conselheiras.

Cadeiras velhas amontoadas nos fundos do prédio do órgão
Cadeiras velhas amontoadas nos fundos do prédio do órgão
Computador da recepção encostado há dois anos por falta de manutenção
Computador da recepção encostado há dois anos por falta de manutenção
Equipamentos fora da tomada porque não funcionam
Equipamentos fora da tomada porque não funcionam
Mato cresce nas instalações do Conselho. SEMAS não providenciou limpeza e não autorizou que conselheiras limpassem a área
Mato cresce nas instalações do Conselho. SEMAS não providenciou limpeza e não autorizou que conselheiras limpassem a área
Placa amarelada, encostada mostra o descaso com o órgão de proteção aos menores
Placa amarelada, encostada mostra o descaso com o órgão de proteção aos menores

Texto: Extra de Rondônia

Foto: Extra de Rondônia

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