Maria Ivani e o vereador Paty Paulista comandavam organização criminosa
Maria Ivani e o vereador Paty Paulista comandavam organização criminosa

A Polícia Civil explicou neste sábado como aconteceram as investigações que culminaram com a descoberta de uma organização criminosa em Cacoal comandada pela chefe de gabinete da Prefeitura, Maria Ivani e pelo presidente da Câmara, Paty Paulista. Os dois e mais sete foram presos durante a Operação “Detalhes”.

De acordo com o delegado Arismar Araújo a investigação, se iniciou há 60 dias e desde lá a polícia vem coletando provas relativas a pagamento de propina, corrupção de agentes públicos na edificação da UPA e também surgiu essa vertente de investigação, com relação ao terreno que é destinado a construção do Hospital Municipal.

Segundo o delegado, houve também, já comprovadamente, acerto de pagamento de propina a agentes públicos e envolvimento de empresários do ramo imobiliário. “Há também indícios de lavagem de capitais, há indícios também de outros delitos na administração pública, durante investigação foi também levantado informações, evidências de que o resultado da CPI recente, votada pela Câmara de Vereadores foi um resultado direcionado de forma ilegal, ilegítima, através de pagamento ou vantagens indevidas a vereadores. Então há vários ramos, linhas de investigação que foram feitas e deflagrou toda essa operação que a gente colocou o nome de ‘Detalhes'”, declarou Arismar Araújo.

Ação conjunta entre a Polícia Civil e Ministério Público de Rondônia, a Operação “Detalhes” recebeu esse nome em razão de que em um dos áudios que estão sendo investigados pela Operação, a chefe de gabinete da Prefeitura Municipal, Maria Ivani de Araújo Sousa, se refere ao povo de Cacoal como “apenas um detalhe”.

De acordo com o delegado Arismar Araújo, foram realizados apenas na manhã desta sexta-feira, nove mandatos de prisão temporária, dez mandados coercitivos e 27 mandatos de busca e apreensão. Foram presos a chefe de gabinete Maria Ivani de Araujo Sousa, o ex-procurador do município José Carlos Rodrigues dos Reis, o presidente da CPL Silvino Gomes da Silva, o vereador Paty Paulista (presidente da Câmara), os empresários João dos Reis Bonilha e Marcos Henrique Stecca, o policial civil Richardson Palacio e o lobista conhecido como Gigi.

O vereador Valdomiro Corá está considerado foragido da polícia. “A partir do momento que ele tem ciência de ter sido decretado um mandato de prisão e não se apresenta, ele é considerado foragido”, ressaltou o delegado Vinicius Lucena. Já todos aqueles que foram conduzidos coercitivamente, foram ouvidos, liberados, mas estão sobre monitoramento eletrônico.

De acordo com Vinicius Lucena, “as prisões temporárias foram necessárias para que a gente pudesse dar andamento às investigações, obter mais elementos de informação, para que a gente pudesse dar substrato para o nosso inquérito policial e consequentemente dar subsídios para o Ministério Público oferecer uma denúncia robusta, para que futuramente a gente obtenha a condenação destes investigados que hoje foram presos e conduzidos à Delegacia”.

O ESQUEMA
Conforme explicou o delegado regional de Cacoal o esquema consiste, basicamente, em direcionamentos de licitações e em especulação imobiliária. Nesse sentido a chefe de gabinete se comprometia em levar edificações públicas para determinados locais, valorizando todo o seu entorno. “Essa questão de aprovação de loteamentos, parte disso passava pela mão da Maria Ivani, que controlava essa questão. Como ficou provado em uma dessas doações que foi recebida pela prefeitura, de uma área para a edificação do Hospital Municipal, que já está aprovada e inclusive já existe uma verba destinada. Imagina um hospital edificado em um local, o que traz de valorização para o entorno. Então nesse caso específico a corrupção está nessa questão.  Eu levo essa obra para determinado local, valorizo esse entorno. É daí que ela recebeu essa promessa de propina, inclusive notícias de que já teria sido efetivada pagamento de uma parte”, explicou Arismar. Segundo o delegado, neste caso, a propina chegaria a R$ 4,5 milhões.

APREENSÕES
Durante as ações de sexta-feira, que envolveu 86 policiais, entre agentes, delegados e escrivães, foram apreendidos diversos documentos, que serão analisados e processados. “As mídias serão verificadas, e degravadas aquilo que for de pertinência com o procedimento. Foram apreendidas também armas de fogo, (3 armas de fogo, sendo uma calibre 38, uma calibre 12 de fabricação e utilização restrita e outra de calibre 32”, informou Dr. Arismar.

A CABEÇA
Questionado sobre quem seria o principal articulador do esquema, o delegado Arismar Araújo foi enfático: “Sem dúvida a Maria Ivani, que se associou principalmente ao presidente da Câmara de Vereadores, Paty Paulista, e conseguiram montar essa organização criminosa, com tentáculos em várias secretarias municipais.

 

Texto: Rondôniagora

Foto: Rondôniagora

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