indios5Fracassou a tentativa de acordo entre a Polícia Rodoviária Federal e outras instituições da União para desativar o “Pedágio Nambikwara” imposto pelos índios desta etnia na BR 174, entre Vilhena e Comodoro. A força-tarefa da PRF que está na região com intuito de desobstruir a estrada não foi autorizada a realizar o ato e deixou o local, e um pacto intermediado pela Fundação Nacional do Índio adiou a ação por pelo menos mais uma semana. Os líderes das comunidades indígenas exigem a presença do presidente da FUNAI até a quarta-feira da semana que vêm para deixar de efetuar a cobrança de “tarifa” de quem usa a rodovia.

O Extra de Rondônia esteve mais uma vez no ponto do pedágio, mas ao contrário do que aconteceu na terça-feira, desta vez o cacique “Jair Nambikwara”, principal líder da etnia, concedeu entrevista ao jornal eletrônico. Ele confirmou ter participado de encontro com as autoridades federais na manhã da terça-feira em Comodoro (MT), mas disse que não tomou nenhuma decisão naquele momento, “pois não posso falar sozinho em nome de todas as lideranças da comunidade”. Por isso, ficou acordado que ele se reuniria com seu povo na tarde de ontem, e outra reunião ficou marcada para as 9hs desta quarta-feira 27.

“Mas nós não fomos”, emendou em seguida. Jair revelou que no acampamento onde se concentram dezenas de índios que estão trabalhando no “pedágio” estão também vários pajés que dão aconselhamento aos caciques. “Os espíritos viram coisas ruins, e acreditamos que poderíamos ser detidos pela polícia na reunião desta quarta-feira, por isso não fomos ao encontro”, declarou. O líder indígena prosseguiu com uma declaração inquietante: “Aqui no acampamento estamos preparados para a guerra, e não vai ser fácil tirar a gente daqui. Se as lideranças fossem presas na cidade o nosso movimento ficaria bem fraco”.

Jair também falou que as negociações até então não estavam contando com a participação da Fundação Nacional do Índio, e que sem a instituição no diálogo a Polícia Rodoviária Federal não poderia fechar nenhum acordo. Por isso o acampamento o representante da FUNAI nas negociações, Carlos Márcio, repassava aos caciques o resultado da audiência com a PRF, onde a trégua de uma semana foi acertada. “Agora, queremos que o presidente da FUNAI, Flávio Chiarelli, venha até aqui para negociarmos o acordo, e tem que ser com documentos. Não vamos mais aceitar acordo verbal”, disse o cacique.

Sobre as reivindicações que apresentaram à União através de pedidos, e que agora querem cumpridas através do ato de força, o líder relata a necessidade de “conseguir fonte de renda para os índios, o licenciamento das terras para permitir o cultivo pra que a gente possa vender nossos produtos, e o pagamento da indenização pelo DNIT da terra desapropriada para a construção da BR”. E, prossegue, “nada mais verbal, mas sim com documentos”.

Sobre os ataques contra veículos cujos condutores não querem pagar a tarifa, o cacique diz que se trata de revide quando os índios são atacados ou insultados. “Eles acabam se irritando e lançam as flechas, mas é só pra espantar e não queremos ferir ninguém”, garante. Em seguida ele confirma que não haverá suspensão na cobrança do pedágio até a próxima quarta-feira, fim do prazo de trégua estabelecido com a polícia através da FUNAI.

A cobrança agora passou mesmo a ser feita aos coletivos, e acontece das seis às dezessete horas, todos os dias. Exceto veículos como ambulâncias, ônibus escolares e carros de médicos passam pela barreira sem que seja exigido o pagamento da taxa. Calcula-se que trafegam pelo local cerca de dois mil veículos por dia, e que o “pedágio indígena” fatura pelo menos 30 mil reais por dia. A área da reserva Nambikwara tem mais de um milhão de alqueires, e conta com população de cerca de 600 pessoas, de acordo com o próprio cacique Jair.

FUNAI – A reportagem do Extra de Rondônia conversou por telefone com o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio em Cuiabá, Benedito Garcia, que confirmou o acordo estabelecido na manhã desta quarta-feira. “Só estamos aguardando a chegada do nosso representante nas negociações, Carlos Márcio, que já está a caminho com o documento assinado pelos caciques e policiais. Devemos enviar o convite ao presidente da Fundação nas próximas horas, e nossa expectativa é que o impasse seja solucionado de forma tranquila e dentro do prazo estabelecido”.

PRF – O contingente da Polícia Rodoviária Federal mobilizado para a ação deixou a cidade de Comodoro, mas ainda está na região. Nesta tarde está acontecendo reunião na delegacia da corporação em Vilhena, com os comandantes envolvidos no caso. Um grande número de policiais está mobilizado, e ações de policiamento ostensivo mais contundentes vêm sendo efetuadas ao longo do dia. Extraoficialmente o site apurou que os inspetores e viaturas vindos de outros Estados devem permanecer por aqui nas próximas horas em virtude de suposta decisão judicial autorizando a extinção do pedágio que poderia ser expedida a qualquer momento.

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Cacique Jair Nambikwara, principal líder da etnia
Cacique Jair Nambikwara, principal líder da etnia

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Fonte: Extra de Rondônia

Fotos: Rômulo Azevedo/Extra de Rondônia

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