Humberto Lago (Foto: Extra de Rondônia)

No nosso país havia (e ainda existe) uma empresa multinacional, cujo diretor financeiro era subordinado ao gerente geral da fábrica local e simultaneamente ao vice-presidente financeiro nos EUA (com sede em Nova Iorque). Era, portanto, uma dupla subordinação, a qual, no entanto, assegurava segurança funcional e independência operacional do diretor financeiro.

Trimestralmente o vice-presidente financeiro vinha visitar-nos, avaliando as receitas, custos, despesas, resultados, o nível dos inventários… Ele costuma dizer-me: Da mesma forma que eu estou “comprometido” com os acionistas de entregar-lhes determinados resultados mensais e dividendos anuais, você também “tem o dever” de me entregar idênticos valores. Como o país sofria de uma inflação crônica, tínhamos enormes desafios para manter receitas, custos e lucros em uma moeda forte. A empresa aceitava oscilações mensais de no máximo de 5% a.m. (cinco por cento), entre plano e real. Caso esse limite fosse ultrapassado, o budget anual tinha de ser revisto e obtida a aprovação da matriz. Confesso a você que era mais fácil cair o diretor financeiro do que se aprovar uma revisão anual do orçamento.

Imagine-se, agora, trazer essa metodologia para o Brasil. Quantas de nossas empresas se sujeitariam a ela, e a terem seus balanços auditados? Os investidores adorariam isso, porém para os administradores isso seria um verdadeiro tormento!

A cultura de trabalho com uma moeda forte e o emprego do planejamento orçamentário, aplicável a todos os produtos e departamentos, estava implantada nos diversos níveis hierárquicos da organização. Gerentes, supervisores e os demais funcionários trabalhavam obedecendo tais critérios com naturalidade.

Sabe por que estou dizendo todas estas coisas aos nossos administradores e empresários? Porque esta é a forma correta de trabalhar! Sim, eu e você somos pagos para: I-Entregar resultados mensais; II-Para pagar ao investidor ou acionista um dividendo anual; III-Para a administrar bem os ativos a nós confiados. Orçamentos, estabelecimento de metas, fluxo de caixa, tudo isso são ferramentas empregadas para que as empresas consigam obter resultados de forma profissional, racional e segura.

Em muitas empresas locais a administração atua com amadorismo e liberalidade; expressivos desvios orçamentários, em vez de identificados e corrigidos, são aceitos com naturalidade; esquecemos que a inflação está corroendo mensalmente os ativos empresariais e ninguém calcula essas perdas, nem se preocupa com elas!?

O Brasil está próximo de ingressar num novo estágio. Se passarem as reformas, creia-me, bilhões de dólares ingressarão no país. E os agentes econômicos que já estão aqui, bem como os novos que virão, por serem financeiramente sólidos, por trabalharem de forma técnica e profissional, farão um estrago enorme em muitas empresas locais. Portanto precisamos preparar-nos para essa nova realidade, se não quisermos ser sumariamente absorvidos e sucateados pelas forças do mercado.

Atualize sua visão; pense no que sua empresa está fazendo para atuar nesse novo cenário; prepare-se para essa realidade; mais cedo ou mais tarde tais mudanças virão.

 

Texto: Humberto Lago

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