Foto: Ilustrativa

Cientistas da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estão empregando equipamentos de medicina, como endoscópios e tomógrafos computadorizados, para pesquisar o pirarucu (Arapaima gigas).

As tecnologias auxiliam a descobrir o grau de maturação das células sexuais das fêmeas e gerar imagens inéditas em 3D do maior peixe nativo do Brasil.

O trabalho foi publicado no periódico Copeia da Sociedade Americana de Ictiologia e Herpetologia. Trata-se de um importante passo para o domínio da reprodução do pirarucu em cativeiro e para o conhecimento de sua morfologia e fisiologia, áreas em que há muitas lacunas. Com a aplicação das técnicas da medicina, será possível identificar o sexo do peixe a um custo muito mais baixo que o dos métodos atuais.

ENDOSCOPIA PARA ANALISE DOS PEIXES

Durante seu doutorado na University of Stirling, na Escócia, o pesquisador da Embrapa Lucas Simon Torati desenvolveu uma técnica para a captação de ovócitos da fêmea que permite verificar seu grau de maturação.

Para isso foi inicialmente empregado um endoscópio médico com aproximadamente três milímetros de diâmetro, usado em exames de urologia.

O equipamento foi usado para desvendar a anatomia das fêmeas, permitindo observar o ovário sem necessidade de cirurgias ou incisões que poderiam prejudicar a saúde do peixe. Até então só era possível acessar o aparelho urinário, porque não se conhecia ao certo a anatomia do aparelho reprodutor.

“Com o uso do endoscópio provido de uma microcâmera, conseguimos, pela primeira vez, observar o ovário de fêmeas reprodutoras sem necessidade de sacrificar nenhum animal, e isso é essencial para pesquisa na área de reprodução”, relata Torati. Com isso foi possível observar se a fêmea estava perto de uma desova ou apta para receber um tratamento hormonal.

FUNCIONAMENTO

“O equipamento possui uma câmera e um fio guia. Esse fio não deixa romper nenhuma estrutura do peixe. Descobrimos que há um septo, como se fosse uma membrana, que está a aproximadamente cinco milímetros da abertura urogenital e que recobre a abertura para o ovário. Por isso, antes não conseguíamos alcançar os ovócitos com a técnica convencional de canulação. Agora, descobrimos o caminho”, explica Lucas Torati, que fez o teste em peixes vivos viabilizando o primeiro experimento em que uma terapia hormonal foi testada em fêmeas sabidamente em estágio final de maturação.

Durante os procedimentos, os peixes são mantidos fora da água, o que é possível porque o pirarucu possui respiração pulmonar.

Segundo Torati, a canulação serve para coletar os óvulos e medi-los. “Conseguimos correlacionar o tamanho dos ovócitos com o estágio de desenvolvimento. Se o ovócito tem um tamanho superior a 1,3 milímetro e apresenta coloração verde intensa, já está em estágio de maturação final. A partir desse tamanho já podemos tentar uma indução hormonal do pirarucu”, detalha.

Lucas Torati relata que foram incialmente examinadas quatro fêmeas adultas pela endoscopia. “Depois validamos o procedimento com outras 12 fêmeas, em uma fazenda, com equipamento de endoscópio na beira do viveiro. Ali, conseguimos visualizar o aparelho reprodutor e também fazer a canulação, coletando os ovócitos”, relata.

Durante o procedimento, foi observado o ovário. Com isso é possível confirmar o sexo do animal e verificar o estágio de maturação do ovário. “Uma vez que sua anatomia é compreendida, é possível realizar a canulação sem uso do endoscópio e praticamente sem custo”, explica o pesquisador.

sicoob

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