Detentos reconstruindo o pátio do Posto Fiscal de Vilhena/Foto: Extra de Rondônia

Uma parceria entre o Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri) e o Poder Judiciário, através do juiz corregedor da Vara de Execuções Penais de Vilhena Adriano Lima Toldo, tornou real um projeto que há muito tempo vem sendo estudado pela Diretoria do Centro de Ressocialização Cone Sul e sonhado pelos detentos, que é o uso da mão de obra carcerária em benfeitorias públicas.

O referido projeto que já foi proposta de campanha de inúmeros candidatos a cargos públicos, nunca havia sido autorizado no município, porém, a cerca de duas semanas, o poder judiciário liberou que presos do regime fechado possam trabalhar em obras públicas em prol de redução de pena.

Atualmente, 6 detentos do presídio Cone Sul estão atuando em uma obra do DER, que consiste na recuperação das estrutura do Posto Fiscal localizado na BR-364, saída para Comodoro e a cada três dias trabalhados, eles recebem um de remissão em suas penas.

Apesar de vantajoso para os cofres públicos, a mão de obra carcerária, que sai “de graça” para o governo, é uma arma de suma importância no preparo dos encarcerados para sua reinserção na sociedade.

De acordo com o Policial Penal Silvano Alves Pessoa, responsável pela monitoração dos trabalhadores, o projeto faz toda a diferença na ressocialização dos detentos, pois quando um deles sai do cárcere sem estar preparada para enfrentar as dificuldades e preconceitos que estão “lá fora”, as chances de uma reincidência ao crime são muito maiores.

Através do projeto, pelo qual são liberados para saírem do presídio e passarem o dia fora trabalhando na reconstrução de vias do município, os detentos também ganham o beneficio da já saírem da unidade após a conclusão de suas penas, com uma vaga de emprego em programas de Trabalho da Secretaria de Estado da Justiça (SEJUS).

Apesar de todos estarem no regime fechado, à seleção dos presos é feita de forma rigorosa, através de análise comportamental de todo a vida carcerária e ainda depois da liberação, continuam sendo observados, pois qualquer desvio de conduta nos horários de trabalho, o preso pode ser cortado do programa e substituído por outro, pois a fila é longa.

Ainda segundo Silvano, a direção recebe inúmeros pedidos diários de presos que desejam ingressar nas atividades e almeja que futuramente, o número de liberações possa ser ainda maior, mas já considera a aprovação do projeto uma grande vitória para o sistema prisional de Vilhena.

Autorizada pela diretoria e pelos próprios detentos, a reportagem entrevistou dois deles, que deram depoimentos fortes sobre a vida que levavam no mundo crime e sobre o que esperam para seus futuros após a oportunidade que estão recebendo.

J., que cumpre pena por homicídio, afirmou estar muito satisfeito com a oportunidade que recebeu, pois até então só tinha causado dor e desgosto para sua família, devido ter entrado no mundo das drogas cedo, mas sonha em sair e trabalhar na área da agricultura, uma vez que foi beneficiado com cursos dentro da unidade, proporcionados em projetos e parcerias anteriores.

Já M., que já foi preso por tráfico e agora é reincidente cumprindo pena por homicídio, relatou que se tivesse tido antes a oportunidade que hoje está recebendo através da liberação do poder judiciário, certamente não teria voltado para a cadeia.

“Quando estamos lá dentro, só a nossa mente sai e ela acaba criando uma expectativa que não passa de uma doce ilusão. Já com essa oportunidade de trabalho, estamos aqui fora com o corpo e a mente, vivendo a realidade no dia a dia e isso sim nos mostra o que vamos enfrentar quando sairmos de “lá”, pois muitos nos elogiam e outros olham com preconceito e isso sim é real, não o que criamos quando passamos o dia parados e na maioria das vezes é o que faz o “cara” voltar para o crime”, afirmou M.

 

sicoob

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