Humberto Lago

Você diria que existem nuvens negras no horizonte brasileiro? Já experimentou trocar ideias com algum amigo/empresário ou entende que isso é um exagero?

Há uma indústria metalúrgica, em outro estado da federação, que produz materiais de construção, a qual reduziu seu quadro funcional de 500 para 100 colaboradores, desde o início da pandemia, no ano passado. A previsão dela é que no seu segmento de mercado sejam necessários dois anos para que tudo volte à normalidade. Repito: dois anos.

Nesta semana, conversando com um empresário local, ele me disse que estão faltando produtos químicos. Este é um problema sério e inexistente nos últimos anos. Seu fornecedor lhe disse que estão faltando insumos importados. A previsão é que o mercado se normalize em dois meses. E lembrou: previsão não significa que irei atender seus pedidos pendentes até lá.

Há empresas que não estão aceitando novos clientes, porque não dispõe de produtos para atendê-los. Você lembra-se de algo semelhante?

O problema é que sem a garantia do fornecimento, meu amigo não vai comprar as matérias primas para ficarem estocadas até a normalização do mercado. Isso seria temerário. Ao deixar de comprar, ele irá impactar as receitas e o caixa de seu fornecedor, o qual também deixará de comprar produtos de seu fornecedor e assim por diante…

Diante de uma situação dessas, não podemos ser superficiais em nossas avaliações. Deve ser ressaltado que, no momento em que se quebra a corrente produtiva, inúmeros, delicados e complexos problemas surgem diante de nós. O governo vai criar uma lei para permitir a importação de veículos usados porque a indústria nacional não tem uma previsão clara de quando a normalidade retornará.

O mesmo efeito manada ocorre com a escalada da inflação. As empresas estão se tornando imediatistas. Elas estão mais preocupadas com o hoje do que com as consequências de suas decisões no mercado e no país. Decisões equivocadas podem deteriorar seu negócio e futuro.

Se um aumento médio de preço, num insumo básico, já se propaga rapidamente pelo mercado, imagine então os problemas decorrentes da desvalorização do real, do aumento da selic, da falta de produtos importados, do encarecimento dos fretes, da ausência de chips…

É por esse motivo que as autoridades econômico-financeiras, das nações desenvolvidas, acompanham com redobrada atenção e rapidez a evolução dos mercados (preços, inflação, juros bancários, commodities). Elas costumam agir diante dos primeiros sinais de crise. Deve ser dito que ali existe diálogo, troca de informações, atitudes coerentes. Todos temos um entendimento das nefastas consequências provocadas pela quebra do equilíbrio na corrente produtiva.

Nas crises os especuladores aproveitam para maximizar seus lucros. Contudo, eu e você estamos sendo convocados para enfrentar essa crise, com inteligência, competência, bom senso, trabalho e fé. Nestas horas precisamos de líderes e exemplos, para enfrentar as nuvens negras que pairam sobre a nação da brasileira. Pense nisso enquanto lhes digo até a semana que vem.

 

sicoob

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