Coluna: Humberto Lago

Poucos de nós já trabalharam numa empresa centenária. No atual cenário econômico elas são raras, por diversos motivos.

Por outro lado, aquelas que sobreviveram ao tempo, aos desafios operacionais e ainda se conservam estruturadas e sólidas, talvez possuam alguns ensinamentos úteis e oportunos para nos transmitir, além de uma longa experiência de vida, princípios e valores.

As vezes um olhar sobre o passado é edificante e estimulador, fortalecendo nossas convicções pessoais. A propensão a aprender, a não ter medo do desconhecido, é fundamental para nossa maturidade profissional, diante das transformações da sociedade.  Não podemos ser precipitados em nossas análises; nem preconceituosos; mas sim humildes e perspicazes.

Há uma empresa brasileira, que em Janeiro/24 completou 100 anos. Esta é uma firma tão diferente e intrigante que a revista Exame resolveu preparar, recentemente, uma detalhada reportagem sobre a mesma.

Ela é proprietária de 1,6 milhões de hectares de florestas no país; tem 40 mil empregados (diretos e indiretos) e é a maior produtora mundial de celulose fibra curto (extraído do eucalipto). Complementando, ela possui fábricas em 6 estados brasileiros. Estão plantando hoje 1,2 milhões de árvores.

Sua produção está voltada, com predominância, para o mercado externo; seu produto básico é a celulose; o prazo entre o plantio e a colheita da árvore é de 7 anos. Seu fundador foi Leon Feffer, imigrante ucraniano, o qual chegou ao Brasil em 1920. Em 2003 a gestão da Suzano deixa de ser familiar passando a ser profissionalizada. Admirável e corajosa atitude.

O custo de produção da tonelada de celulose (fibra longa, pinus) é de US 500 a US 600, enquanto a de fibra curta (extraída do eucalipto) é de cerca de US 180. Percebeu a diferença? Entendeu o impacto da diferença de margens?

A Suzano é uma empresa com ações em bolsa; portanto seus números são do conhecimento público. Antes de finalizar, gostaria de trazer à sua consideração apenas um fato adicional, sobremodo importante, a propósito de sua gestão. “O legado de investimento da empresa consiste em investir 90% (noventa por cento) da geração operacional de Caixa!”

Neste país, em que tantos empresários, investidores e administradores tem um receio doentio de investir, com medo do futuro, da concretização dos resultados projetados (planejamento) e dos fatores externos, vemos aqui uma organização brasileira, fundada por um imigrante, a qual resolveu aplicar a cada ano, regularmente, 90% de seu fluxo operacional em “Investimentos”,  por acreditar no negócio, no retorno do capital investido, na competência da gestão, nos planos e metas, nas forças do mercado. Pense nisso enquanto lhes digo até a semana que vem.

sicoob

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